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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

tem horas que até dói falar a verdade.

QUANDO SE É FURTADO DO DIREITO DE ACREDITAR.

Amigo sabe que á tempos não escrevo nesse meu blog, até por que por conta de estar sem tempo para cuidá-lo como deveria, pois sabemos que por aqui, pela internet a democracia flui muito rapidamente e não é apagada tão fácil como em outras formas de pluralismo de idéias.
Pois bem, me senti na necessidade de escrever hoje nele, pois presenciei, melhor dizendo, sou parte envolvida em um episódio muito triste, chato senão injusto.
O que é ser um Policial Militar? Hoje eu sei a resposta, é ser o tipo de cara que tem uma única chance de pensar, num intervalo de tempo de frações de segundos que podem culminar com a ceifa de uma vida de um ser humano ou no mínimo ofertar á este que possa estar injustamente ofendendo o direito liquido e certo de um cidadão por conta de suas atitudes ou postura.
Tão fácil é senhores, ao longo de dias, semanas para analisar uma questão, uma ocorrência (esta já elaborada pelo PM ou GM de serviço bem como sendo alicerce para inicio de inquéritos ou apurações diversas), semanas essas que nós que estamos na rua não temos esse tempo, o que temos quando muito são minutos, em raríssimas situações algumas horas, mas não foge aos corriqueiros segundos para pensarmos como agir e onde agir, pensando sempre que se existe um objetivo a ser alcançado e que nada, simplesmente nada pode ser atingido ou no mínimo rebarbado se este não tenha vínculo com o fato/ocorrência, pois bem, tenho como filosofia que o PM é o cirurgião da sociedade sem direito de errar!
Escrevo hoje triste, por conta de que semanas atrás uma pessoa pública, velha conhecida em nosso meio,respeitada, me encontrou em um Supermercado, me cumprimentou e perguntou se seria eu o Cabo Bruno, pois teria me visto ao Fórum de nossa Cidade dias atrás sendo ouvido como testemunha em uma ocorrência de tráfico de drogas, eu respondi que sim, que seria eu, então este cidadão publico veio á agradecer-me por conta dos serviços que presto tirando de circulação indivíduos que traficam e acabam arrebentando com vidas alheias, famílias e por fim veio á fazer algumas perguntas quando de como identificar um usuário de drogas, ao que no submundo do crime é chamado de zuqueiro, zumbi, noiado, entendam, não estou rotulando, somente repassando o que é do mundo escuro do tráfico, das drogas, do sujo, do incrédulo, do falso, do mal, de tudo o que possa ser ruim e prejudicial á um ser humano esses são os nomes que ora identificam os usuários que estão já ao fundo do poço, ainda mais sendo eles os maiores causadores dos pequenos furtos, dos roubos de menor potencial ofensivo, sendo eles os maiores patrocinadores de traficantes á que se tem conhecimento, então por fim comecei a comentar o que usualmente temos como referencia para identificar para esse cidadão um possível drogado:
Face: rosto seco, olhos profundos, dentes amarelados, sujos, bochechas secas, aprofundadas á face, pele ressecada, queimada, lábios secos, muitos sangram...
Corpo: esquelético, fraco, quase um anorexo, feridas por todo o corpo, muitos desses por conta das doenças que os acometem por conta do seu sistema imunológico estar comprometido pelo uso da droga, em especial o crack...

Mãos:
Uma das maiores fontes de informação para identificação de quem usa crack, maconha ou outro que venha ser usado com a queima ou fogo, as mãos ficam por si queimadas nas pontas dos dedos, pergunte para o sujeito qual a mão que este escreve,tão logo este responda, veja em seus dedos indicadores e o polegar se estão queimados á ponta,se este estiver passa a ser uma fundada e grande suspeita de ser um usuário, ai senhores, é só perguntar para ele qual droga usa, pois em principio já em suas mãos fica sempre a marca da besta, melhor dizendo, muitas vezes a marca do besta, ainda mais um detalhe, quem fuma maconha tem a ponta dos dedos mais amarelada...
Continuando, fui exemplificando para essa pessoa que perguntava sobre os vestígios deixados por um usuário quando do uso da droga, foi quando entrei mais aprofundadamente sobre o crack, informando que um usuário de crack logo terminado o uso, a queima da droga, este por sua vez entra em um transe que o seu corpo já não responde completamente seus estímulos, suas determinações, algo como se quisesse andar e não conseguisse, como se tivesse sido acometido de um AVC (acidente vascular cerebral), ainda assim, não conseguem responder as perguntas de forma consciente, de forma lógica, ficam a mercê do vento, do tempo, do dia, da noite, do momento, não sabem aonde vão, não sentem fome, frio, sede. Ainda continuei dizendo não sentem dó de si mesmos, não percebem que acabam vivendo em um mundo de lixo ao passo que nem mesmo um suíno conseguiria viver onde vivem.
Continuei relatando tristemente o meu testemunho de experiência profissional Policial Militar onde exemplifiquei como é o aposento de um usuário de crack, é tremendamente aterrorizante, sujo, onde os usuários simplesmente defecam ao lado de onde dormem sem se importarem de limpar, o máximo, puxam algo para cima para apenas esconder ou evitar que pisem em cima de suas próprias fezes, por vezes, ao longo de minha vida Policial me deparei com indivíduos comendo literalmente “carniça” de ave, podre, fedendo, e ainda até fiquei pensando, um individuo desses tira um curso no BOPE brincando(sem menosprezar uma tropa altamente preparada, respeitada em todo o Mundo ao ponto de ser umas das referencias Mundiais em termos de técnica e tática de guerra Urbana), pois já é da vida dele viver no osso, no resto, no final, no sujo, no fétido, no podre, no fundo do poço literalmente.
Ainda relatando em minha experiência profissional, disse que algumas vezes me sentia mal em atender ocorrências envolvendo usuários, pois não teríamos um centro de recuperação para esses que um dia fizeram parte de nossa sociedade de forma positiva e produtiva.
E em meio ás minhas declarações, simplesmente esse indivíduo que ouvia os meus trechos, olhou em meus olhos, com uma face assustada, olhos lacrimejando e disse, cabo Bruno, você poderia ir á minha casa, para tentarmos detectar se por ventura meu filho poderia estar envolvido á essa droga?
Eu disse, posso sim, obviamente que velhaco com o convite, pois partira de uma pessoa conhecidíssima ao meio público da Região e como regra maior de uma frase que ouvi de um oficial muito respeitado na Tropa da PMMS que dizia”  a rotina mata o homem” mas disse que limitadamente poderia ajudar sim, e infelizmente a minha tristeza continuou, pois quando cheguei á casa desse indivíduo, ele me mostrou uma foto dizendo que seu filho estava fora de casa haviam 4 dias, e como minha palavra não da ré, eu disse para ele, amigo, seu filho estava numa boca de fumo que estourei serviço passado.

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