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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

É, AS VEZES ACREDITO QUE DEVO ME OMITIR, MAS NÃO O FAÇO.

Amigos, mais uma vez escrevo neste blog com finalidade de coletar opiniões e ainda assim expor algumas idéias do contexto policial que vivo.


Dias atrás, um grande amigo meu, Policial Militar também, atendeu uma ocorrência de tráfico de drogas onde, rotineiramente é uma ocorrência corriqueira em nossa cidade Dourados, onde é notório que Dourados é um dos corredores do tráfico de drogas do Brasil, senão do Mundo, pois não nos assusta mais as noticias de apreensão de 50, 100 kilos ou mais de droga de todo o tipo, maconha, crack, cocaína, haxixe e o tão falado oxí.

Continuando falando do meu amigo, este em minha casa, tomando um tereré, para os que apreciam o blog e não saiba, o tereré é uma bebida típica servida com ervas natural, onde se tem por finalidade a cordialidade e o acolhimento das pessoas que se tem apreço e também como bebida refrescante, ainda serve como ferramenta de abertura de uma boa roda de conversa. Este meu amigo, Policial, sentou-se e começou logo de cara a queixar-se do trabalho que exerce, e perceptivelmente abatido por conta de que fora mais uma vez citado e dito que o serviço que fora feito, fora de tamanha competência e ainda assim elevam dúvidas quanto á sua competência no serviço de rua, ainda assim, sofre críticas e mais, é postado em dúvida quanto á sua dedicação ao serviço PM.



Eu, ouvindo, apenas ouvindo, consenti com o sentimento de abatimento dele, ainda porque também sou PM e não é fácil você se dedicar, pensar, agir, sonhar, preparar, buscar estratégias de trabalho, levantar informações, até porque o maior informante da Policia é justamente o seu amigo civil, o seu vizinho, parente, conhecido, aquele cara que conserta sua moto, o cara da casa de carne, o cara da padaria e por ai vai, vendo os lamentos desse meu amigo, percebi que ele seria mais um que estaria perdendo a paixão pela profissão, pelo oficio que ora um dia assumiu um lema, mesmo com o risco da própria vida, ainda assim, não sendo apercebido que, ele faz valer o risco da própria vida á todo momento, quer queira atendendo uma ocorrência de perturbação do sossego, quer queira em uma chamada de roubo com emprego de arma de fogo, não tão distintas, porém tão próximas de uma zica (entende-se lambança, bagunça, bem, liberalmente falando, uma cagada!),pois não existe ainda uma metodologia de estudo ou algo perpetuado que opere na idéia de avaliação do sujeito/indivíduo quanto á sua postura em uma determinada ocorrência á não ser a experiência de rua, nem mesmo os mais tecnólogos e especialistas em psicologia social atrevem-se á deduzir qual o próximo passo do indivíduo para com uma ocorrência policial.


Ah se tivéssemos uma máquina, aparelho, hardware ou software que avaliasse uma situação de ocorrência ao local, á uma condição tão fácil seria a seara do nosso serviço policial, ainda que meramente administrativo este fosse tão menos doloroso para as partes, sejam elas vítimas, autores ou indiretamente ligados á tal.

Ainda ouvindo esse meu amigo, percebi que o abatimento dele era não tão somente por conta do serviço de Rua, mais além, pois ele, na esperança de ser percebido, reconhecido pelo que faz, pelas proezas que conseguira na rua, por conta da sua dedicação, vem a frustração de que ainda além do stress que é o atendimento propriamente dito, ele ainda perde seu tempo de descanso, que já não é tão elástico assim, pois ele ainda relata que mesmo sendo tão dedicado, tão feliz pelo que faz, sendo ele realizado profissionalmente na sua vida, não está por completo pois, parece que o que ele coloca no papel não valha de algo de valor,pois é tão comum este ficar respondendo apurações e outras vertentes, citações no sistema judiciário que ainda assim o mina, o machuca internamente.


Reclama ainda esse meu amigo de que ele pode ser que esteja sofrendo uma discriminação por conta de uma historia triste que a instituição que ele faz parte, um dia se fez envolvida, a Ditadura, ainda sofre ele por conta que as pessoas do meio da sociedade dele não perceberam que esta ditadura acabou á mais de 25 anos, sendo que daqueles remanescentes desta época, já muitos não se encontram mais nas fileiras da Instituição, não também possa ele imaginar que teriam sido tão maus assim, pois naquele tempo não usava a palavra mau e sim a palavra missão, pois militares como são, cumprem-nas assim que determinadas, lógico, ao longo dos anos, á Sociedade Brasileira fora apresentada uma nova Constituição, uma nova bandagem de regras, contudo, á sociedade insiste em dizer que a Constituição é nova porem aas posturas da Policia são ainda antigas. Desculpem, mas os senhores que pensam isso, erram!

Eu, ouvindo esse meu amigo, já depois de um litro de água tomado pelo  tereré, o peguei aos prantos, porém discreto, dizendo em deixar a farda, pedir pra sair! Ora, não fosse essa frase do Cap. Nascimento, o Mundo não saberia que ela existe, porém, é do nosso meio á décadas, não somente no BOPE, mas para toda a família PM no Brasil.

Ele, ás lagrimas, discreto, mas ás lagrimas, veio me perguntar o que fazer, ora, é complicado aconselhar justamente um cara que se formou comigo no curso de Soldado PM, o mesmo que cheirou gás lacrimogêneo junto comigo, sendo até um dos que me ajudou a superar as adversidades, as intempéries de um curso que quer seja ele leve ou mais puxado, te dá o preparo para o enfrentamento da rua, ora, ele tinha o mesmo curso que eu, porém, estava numa dúvida que paira na cabeça não só dele como a de muitos, ainda assim, eu o disse, irmão de farda, não sou eu á quem deva recorrer, pois não tenho essa resposta, nem mesmo para mim, pois essa dúvida não é só sua, ela é minha também! 

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